quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Amar....

Amar é para poucos



Você já esteve apaixonada por algém incapaz de gostar?

A capacidade de amar, assim como a coragem ou a inteligência, não é do mesmo tamanho em todos nós. Eu sou forçado a lembrar disso todo vez que converso com S., uma amiga de Brasília que é, possivelmente, a mulher mais apaixonada do mundo.
Quando falamos, na semana passada, ela estava em preparativos para um novo casamento. Conheceu o rapaz há poucos meses, está profundamente envolvida e, sem temor aparente, se prepara para iniciar uma vida comum. Não é a primeira vez que ela faz isso e é provável que não seja a última, mas, assim como no passado, avança para o casamento com a convicção tranquila de que, se alguma coisa der errada, não será por falta de amor, lealdade e dedicação da parte dela.
Ao contrário da minha amiga, que tem uma facilidade até exagerada de se vincular, muitos de nós sofremos do oposto: uma enorme dificuldade em criar ligações profundas e verdadeiras. O sintoma mais comum é que vivemos atormentados por dúvidas sobre a intensidade e a profundidade dos nossos sentimentos. Quem tem uma conexão emocional profunda não se pergunta a todo o momento se deveria seguir em frente ou tentar com outra pessoa.
Muitos acham difícil construir mesmo essa ponte precária em direção aos outros. Há pessoas para quem o ato de se entregar emocionalmente nem existe. Elas sentem-se de alguma forma isoladas mesmo sendo parte de um casal. Gostam, compartilham, respeitam, transam intensa e prazerosamente, mas não se sentem vinculadas. Há uma barreira invisível de privacidade que jamais é rompida. Persiste a sensação de que o outro é fundamentalmente um estranho. A delícia de sentir-se íntimo, que na minha amiga é natural como respirar, nunca foi experimentado de forma duradoura por milhões de pessoas.
Quando penso em mim e nas pessoas que conheço intimamente, me parece que existe uma progressão que vai dos apaixonados incondicionais às pessoas que não conseguem se vincular – e que a maioria de nós se encontra emocionalmente em algum ponto entre esses dois extremos. Temos graus variáveis de dificuldade para amar e sair de nós mesmos, mitigados por períodos de entrega e arrebatamento.
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De qualquer forma, a ideia de que somos todos iguais diante do amor, e que a única dificuldade está em encontrá-lo, me parece falsa – ou pelo menos exagerada. Postos diante da possibilidade do amor, uns não conseguirão reconhecê-lo e outros terão impulso de afastar-se. Poucos serão capazes de abraçá-lo assim que ele virar a esquina. Somos diferentes também nisso.
Se pensarmos na dificuldade de se vincular como um problema, ele talvez seja mais comum entre os homens (embora eu conheça mulheres que também preferem manter-se a uma distância emocional segura). Quantos caras você conhece que trocam periodicamente de parceiras sem estabelecer um vínculo real com qualquer uma delas? Esse tipo de comportamento pode ser tanto o resultado de uma opção social quanto de uma deficiência emocional. Talvez haja alguma verdade no clichê rancoroso sobre “homens incapazes de amar”.
As causas dessas dificuldades são, para mim, insondáveis, mas me parece óbvio que o caos interior e a ansiedade em que boa parte de nós vive não ajuda a gostar de ninguém. Como criaturas tão atormentadas por seus próprios demônios conseguiriam reunir a atenção e a generosidade que o amor exige? É fácil proclamar-se apaixonado ou apaixonada a cada esquina, de forma imaginária e histérica. Mas manter um afeto duradouro na vida real exige mais do que pirotecnia e rock and roll. Exige sentimentos profundos que alguns de nós não são capazes de oferecer.
As consequências da dificuldade de amar são óbvias. A primeira é o sofrimento que ela impõe aos parceiros. É duro lidar com alguém que não está 100% ali. É chato confrontar-se com a hesitação de quem não sabe o que sente. Dói lidar com a aspereza de quem não consegue se coloca na pele do outro – ou não permite que o outro entre sob a sua própria pele.
É evidente, também, que gente com dificuldade em se entregar não tem relações satisfatórias. Para que elas existam, os laços afetivos têm de estar ancorados em algo mais sólido do que os nossos desejos imediatos, que variam de um dia para o outro. Mas a criação de laços duradouros não se faz por um ato de vontade. É preciso ser capaz de gostar, amar e confiar. É preciso sentir-se parte de algo - e alguns de nós, muitos de nós, não conseguem sentir-se parte de coisa nenhuma.

IVAN MARTINS
É editor-executivo de ÉPOCA

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Alguém Especial


Como é bom ter alguém
especial sempre ao nosso lado.
Parece que a vida toma um outro rumo,
transforma-se num mundo colorido
o vento fica mais suave, o sol brilha com
uma intensidade diferente, a lua parece
mais generosa e o mar fica mais azul.

Ter pessoas especiais
em nossa vida é como querer
recomeçar todos os dias uma vida nova,
coberta de esperança e com novos
sonhos de felicidade sem limites.
Ter alguém especial
do nosso lado é não ter rótulos.
É apenas se doar e amar...

Ter alguém especial
ao nosso lado é vivenciar, a cada
dia, o gostoso sabor do amor, quebrando
o maior de todos os paradigmas:
Que a felicidade é somente para uns
poucos iluminados.

Se houvesse uma única
missão comum a todos neste planeta,
ela só poderia ser a realização
plena da felicidade.

Então lute todos
os dias para que este sonho,
possa um dia,
se tornar uma realidade.

NÃO DEIXE O AMOR PASSAR


Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração parar de funcionar por alguns segundos, preste atenção: pode ser a pessoa mais importante da sua vida.
Se os olhares se cruzarem e, neste momento,houver o mesmo brilho intenso entre eles, fique alerta: pode ser a pessoa que você está esperando desde o dia em que nasceu.
Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante, e os olhos se encherem d’água neste momento, perceba: existe algo mágico entre vocês.
Se o primeiro e o último pensamento do seu dia for essa pessoa, se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: Deus te mandou um presente: O Amor.

Por isso, preste atenção nos sinais - não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem cego para a melhor coisa da vida: O AMOR.


Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Para se ter um amigo


Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor.. Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar.

Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo. Deve sentir pena das pessoa tristes e compreender o imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.

Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.

Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Quando o seu terapeuta está a apenas um clique de distância




JAN HOFFMAN
DO "NEW YORK TIMES"

Melissa Weinblatt, 30, uma professora colegial do Oregon, costumava fazer tratamento psicológico da maneira convencional --no consultório, face a face com o psicólogo. Hoje, com seu novo médico, ela disse que pode ter uma sessão na frente do computador tomando o café da manhã ou antes de sair à noite.

Serviços de videofone como Skype e sites de terceiros como CaliforniaLiveVisit.com tornaram as sessões on-line cada vez mais acessíveis para pacientes psiquiátricos. Um site de terapia on-line, Breakthrough.com, disse que registrou 900 psiquiatras, psicólogos, conselheiros e treinadores em apenas dois anos.

Viktor Koen/The New York Times


Muitos terapeutas estão a apenas um clique de distância, mas é preciso tomar cuidado para não ser vítima de exploração
"Em três anos isto vai decolar como um foguete", disse Eric Harris, advogado e psicólogo que dá consultas pela American Psychological Association Insurance Trust.

"Todo mundo vai ter disponibilidade audiovisual em tempo real. Haverá um grupo de verdadeiros fiéis que acharão que estar em uma sala com o cliente é especial e que não se pode replicar isso em um envolvimento remoto", disse. "Mas muita gente, especialmente jovens clínicos, sentirão que não há base para se pensar assim. De todo modo, os padrões profissionais adequados terão de ser seguidos."

Weinblatt disse que prefere as sessões on-line ao antigo modelo. "Existe um conforto em carregar seu médico com você como um cobertor de segurança", disse ela. "E, como ele fica mais acessível, sinto que preciso menos dele."

O tratamento on-line inverte um elemento básico da relação terapêutica: o contato visual. Paciente e terapeuta geralmente olham para o rosto do outro na tela do computador. Mas em muitos casos a câmera fica em cima do monitor, e então os olhares ficam desviados. Vários estudos concluíram que a satisfação do paciente com a interação face a face e a terapia on-line é estatisticamente semelhante. Psicólogos dizem que certas condições poderiam ser adequadas para o tratamento on-line, incluindo agorafobia, ansiedade, depressão, distúrbio obsessivo-compulsivo e terapia comportamental cognitiva.

Sandy Huffaker/The New York Times

Marlene Maheu (na tela), terapeuta de San Diego, usa videoconferência para se comunicar com um paciente.

Mas há muitas perguntas. Como o seguro deve reembolsar a terapia on-line? As sessões de videoconferência são gravadas? São à prova de hackers? E se os pacientes tiverem colapsos?

Marlene M. Maheu, fundadora do Instituto de Saúde TeleMental, que treina provedores, disse: "É mais complexo do que as pessoas imaginam. O website de um provedor pode dizer: 'não lido com pacientes que têm tendências suicidas'. Mas é nosso trabalho avaliar os pacientes, e não lhes pedir para se autodiagnosticarem".

Ela pratica a terapia on-line, mas defende proteções ao consumidor e um treinamento rigoroso para os terapeutas. Johanna Herwitz, uma psicóloga de Nova York, experimentou o Skype para aumentar a terapia face a face. "Ele cria essa versão inferior e perversa da intimidade", disse. "O Skype não desinibe terapeuticamente os pacientes para que baixem a guarda e assumam riscos emocionais. Eu decidi não fazer mais isso."

Matt Nager/The New York Times

O psiquiatra Heath Canfield atende a alguns de seus pacientes via Skype
Heath Canfield, psiquiatra do Colorado, usa o Skype para continuar a terapia com alguns pacientes de seu antigo consultório na Costa Oeste. "Não é a mesma coisa que estar lá, mas é melhor que nada", disse. "E eu não trataria dessa maneira pessoas gravemente doentes."

As armadilhas da videoconferência com doentes mentais graves ficaram claras para Michael Terry quando ele fez avaliações para pacientes nas ilhas Aleutas, no Alasca.

"Certa vez eu estava usando um jaleco branco, e a parede atrás de mim era branca", disse Terry, que é professor na Universidade de San Diego. "Meu rosto ficou escuro por causa do contraste, e o paciente pensou que estivesse falando com o diabo."