(Sigmund Freud)
O sonho é uma manifestação criativa da psique (mente inconsciente e consciente) e transcende os meros cinco sentidos. Portanto, os sonhos podem, de forma simbólica e numa linguagem própria, revelar questões de sua personalidade que precisam ser trabalhadas.
Além de apresentar soluções para problemas do cotidiano e regular suas emoções internas. Os sonhos se constituem de uma forma especial de consciência, a importância do sono REM para o desenvolvimento da criança e, eventualmente de sua consciência, se revela no fato de que o sono REM (que mostra correlação fisiológica com os sonhos) corresponde a cerca de 50% do tempo total de sono em recém-nascidos e reduz-se progressivamente até a idade adulta.
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Isto poderia explicar porque as crianças cujo ritmo de aprendizagem é intenso, apresentam mais sono REM que os adultos. Elas necessitam, segundo esta idéia, esquecer as diversas associações erradas ou sem sentido que se formam durante a sua aprendizagem quando estão acordadas, favorecendo, desta forma, o armazenamento das associações ou informações aprendidas que são verdadeiramente importantes.
A psicanálise, porém, não aceita essa tese tão simplista.
Segundo esta o sonho é um meio pelo qual o inconsciente procura alertar a consciência para o que ela não percebe ou não quer aceitar, e tenta, por compensação, equilibrar a psique, a totalidade de fenômenos psíquicos. Os sonhos trazem à tona os complexos e sugerem alternativas para a consciência, cujo centro é o ego, realizar o que a pessoa é potencialmente. Ou seja, os sonhos são avisos.
Carl Jung não reduz os sonhos à satisfação de desejos reprimidos no inconsciente pessoal, como o fez Freud. Ele os toma como mensageiros de complexos. Segundo ele, anexo a nossa consciência imediata existe um segundo sistema psíquico, de natureza coletiva, universal e impessoal, que se revela idêntico em todos os indivíduos. Povoando esse inconsciente coletivo há os arquétipos (imagens primordiais ou símbolos, impressos na psique desde o começo dos tempos e, a partir de então transmitidos à humanidade inteira).
A mãe, o pai, a criança, a anima, o animus, o herói, a sombra, com seus temas associados, são exemplos de tais arquétipos, representados mundialmente em mitos, histórias infantis e sonhos. As mensagens arquetípicas nos sonhos conferem uma forma definida a determinado conteúdo psíquico do inconsciente e quase sempre assumem imagens simbólicas.
A psique coletiva, que é uma seleção de arquétipos de um povo numa dada época de sua história, molda a psique individual (a personalidade de cada um de nós). Todavia, no fundo, a coletiva é a exteriorização das individuais. Desse modo, a psique coletiva e a individual existem numa relação dialética.
(Carl Jung)
Desde as mais remotas épocas, os homens procuram entender as mensagens ou os significados desses fenômenos intrigantes e misteriosos que são os sonhos. O que tem variado, ao longo do tempo, é a importância atribuída e a compreensão que se tem deles. Se os sonhos são vistos como série de imagens que aparecem sem sentido para a personalidade do sonhador ou se são encarados como mensagens do além, isso demonstra apenas diferentes interpretações, as quais refletem o status ou a valorização dados a eles.
Uma das funções dos sonhos é, justamente, contrabalançar a racionalidade do pensamento verbal com um pensamento em imagens e símbolos. Sua lógica é afetiva, figurativa. Não é linear, cartesiana, mas dramática, mitológica.
O sonho é importante por indicar inter-relações não sabidas, mas existentes. Mesmo que pareça fugaz, já que escapa à captação e a retenção na memória, ele mobiliza impressões profundas que não podem ser transmitidas verbalmente, mas que permeiam e deixam sua marca em nós. Aquilo que em uma primeira observação parece estranho, ilógico, pode, em um exame mais cuidadoso e meticuloso, revelar seu significado e importância no desenvolvimento normal e em seus distúrbios.
Nossa vida e nossa história se constroem nos dias em que estamos acordados e nas noites em que dormimos e sonhamos. A psique diurna, consciente, e a psique noturna, inconsciente, apesar de diferentes, se completam para o todo que somos. Por meio dos sonhos estabelecemos uma comunicação com esse lado noturno, em geral desconhecido, mas não menos vivo e atuante.
Os sonhos estão relacionados tanto à nossa saúde psíquica quanto física. Freqüentemente, afecções corporais parecem constituir a dramatização dos conflitos psíquicos, ou questões vitais se manifestam no corpo, por falta de outros meios de expressão. Corpo e psique estão interligados ou, como diz Jung : "A psique e a matéria são aspectos diferentes de um único todo".
Como expressão simbólica do processo vital, o sonho tem implicações profundas e elevadas, para o físico e para o espiritual, para o corpo e para a psique. Ele pode ser um aliado valioso para a compreensão dessas interligações. Pode nos fornecer o mapa para a compreensão simbólica de sintomas psicossomáticos e, por vezes, de sua resolução. Pode constituir, assim, uma chave preciosa para nosso autoconhecimento e bem-estar. |
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